Djambê

13/06/2011 13:58

Ana Luiza Gonçalves

Entrevista com Emilio Santanda, da banda Djambê
Formada em 2004, a banda Djambê está presente no cenário musical independente e se destaca como uma banda que vai além das músicas. Inspirados por projetos sociais, Emílio Santana, vocalista da banda, canta com força e beleza temas como consciência social e sustentabilidade. Em 2010, a banda teve seu primeiro aprovado pela Lei de Incentivo Estadual. Agora eles, que vivem inteiramente de música em projetos paralelos, correm atrás de patrocínio para fazer a turnê de lançamento do primeiro CD "O mundo não é só eu". 
Djambê faz um som livre, sem fronteiras: uma mistura de elementos clássicos da música popular com a riqueza dos ritmos regionais, passando por influências modermos do cenário contemporâneo. Emilio Santana deu uma entrevista para a Som de Queijo sobre as Leis de Incentivo, os planos da banda, a cena independente em Minas e muito mais.


1 -A turnê de lançamento do CD "O mundo não é só eu" foi o primeiro projeto da banda cadastrado na Lei de Incentivo. Vocês já conseguiram captar pra lei? Quais foram ou serão as estratégias de captação?

Emílio: Ainda não conseguimos captar. Estamos nos inscrevendo nos editais de algumas empresas, que só aceitam propostas de patrocínio desta forma, e fazendo contato com empresas menores, via fone e email. Montamos um presentation especial para a captação, com a intenção de que nosso material se destaque em relação aos outros.

2 - Vocês acham que somente as leis dão a sustentabilidade a longo prazo para bandas independentes ou existem outras maneiras de sustentar esses grupos?
Emílio: Existem outras maneiras. Não podemos nos acomodar com as leis de incentivo, até por que a captação é difícil. A melhor maneira de alcançar a sustentabilidade desejada é organizar a banda, tratar a gestão e produção como empresa e não hobby, sem perder a essência.


3 - Qual é a opinião de vocês para projetos aprovados de artistas, como a Marisa Monte que conseguiu aprovação para captar mais de 4 milhões de reais?
Emílio: As leis de incentivo não apresentam restrições, qualquer artista pode inscrever qualquer projeto, ele pode ser aprovado ou não. Não li o projeto da Marisa Monte, não sei qual a proposta dela, mas acho que a lei deve ser aberta a todos, pois assim os artistas independentes seram “forçados” a se profissionalizarem e não ficarão acomodados com as leis.


4 - Quais são os planos para a manutenção de uma banda independente a longo prazo?
Emílio: Para a manutenção da banda, a longo prazo, é necessário montar uma equipe, ainda que pequena, para cuidar da manutenção de redes sociais, fazer contato com as casas de shows,  inscrever a banda em festivais, etc. Para descobrir pontos fortes e fracos é bom fazer um diagnóstico, seguido de um plano de negócios para direcionar as ações que a banda pretende tomar. Os músicos devem estar cada vez mais livres para atuar na criação de arranjos, composições, etc.


5 - Como vocês veem o cenário musical mineiro independente? Belo Horizonte auxilia nessa sustentabilidade?
Emílio: O cenário musical independente de Minas está efervescente. Muitas bandas novas e boas, muitos sons diferentes e agora com os coletivos (pegada, fora do eixo, etc.) o cenário está ganhando mais força. Existem alguns espaços para bandas indepedentes na cidade, mas pela minha experiência tocando em bares, não vejo o público de Belo Horizonte como um grande apreciador de músicas autorais.


6 - Em quais espaços vocês fazem as apresentações? São lugares mais populares, alternativos, destinado a um publico específico?
Emílio: Atualmente o Djambê realiza shows em lugares considerados alternativos, destinados a um público disposto a ouvir músicas autorais.


7- No site de vocês há informações sobre alguns projetos sociais. Como começou a relação da banda com projetos sociais? De que forma essa relação interfere nos projetos da banda?
Emílio: A banda, ainda, não faz parte de nenhum projeto social. No site nós divulgamos alguns projetos e idéias em que acreditamos. Já trabalhei como arte educador em escolas públicas e com alguns projetos de musicalização no interior de Minas, acredito que esse tipo de trabalho é importante para o desenvolvimento do cidadão, pois vejo a educação como veículo de mudança. Essa relação com o nosso entorno (ambiente, sociedade e cultura) interfere diretamente nas minhas composições e em toda a identidade da banda: material de divulgação, nas prioridades que a banda dá a participações em festivais, no figurino, cenário, etc.


8 - Os festivais e concursos que existem são uma porta de entrada pra música independente e também uma forma de gerar algum trabalho bacana. Qual a relação de vocês com os festivais que existem em Minas? Quais os festivais daqui de Minas que geraram trabalhos importantes pra vocês?
Emílio: Participamos de vários festivais em Minas e vencemos alguns: 2º Festival Nacional de Música da ARPUB / etapa mineira - 1º Lugar
2º Festival Nacional de Música da ARPUB / etapa nacional - 2º lugar
8º Festival Lixo e Cidadania – Belo Horizonte /MG - Ganhador
4º Festival da Canção de Lagoa Santa / MG - 1º Lugar
29º Festival da Canção de Alvinópolis / MG - 2º Lugar
O Festival do Lixo e Cidadania (2009) nos possibilitou tocar na Serraria Souza Pinto, abrindo o show da banda Los Sebosos Postizos, formada pelos integrantes da Nação Zumbi, além de divulgar o nome da banda em vários veículos importantes.


9 - Vocês acham que as rádios dão espaços para as novas bandas e bandas independentes ou o caminho mais fácil e de democratização da música são as redes sociais?
Emílio: Eu não sei falar sobre esse assunto com propriedade, por que eu não conheço o processo que se dá para que uma música entre para a programação de uma determinada rádio. Será  que o material, bem feito, de uma banda independente seria recusado em uma rádio? Quanto às redes sociais, elas são, sem dúvida, um caminho mais fácil de democratização da música.


10 - Quais são os projetos atuais do grupo?Como vocês se imaginam daqui a alguns anos? Têm pretensão de sair desse circuito alternativo?
Emílio: O Djambê está finalizando o primeiro CD, “o mundo não é só eu...”, e buscando captação para a Lei Estadual de Incentivo a Cultura que aprovou a turnê de lançamento deste CD. Pretendemos sair do cenário independente, sim, pois esperamos que a nosso música alcance um número maior de pessoas para que a banda seja sustentável e os integrantes não necessitem, obrigatoriamente, de projetos paralelos.