O Jazz chegou para ficar

13/06/2011 14:11

 

 

Giovanna Almeida

Savassi Festival chega a sua nona edição com novidades, além de um público que não para de crescer.

 O Savassi Festival é o primeiro de tantos outros festivais de jazz que surgiram em Belo Horizonte nos últimos anos. Conhecido por seus shows na rua e por trazer novidades a cada edição o Festival em 2011 não promete ser diferente. Além de uma vasta programação, o evento contará com novas ações como uma composição musical com a Orquestra Sinfonica de Minas Gerais, que se apresentará no Parque Municipal e o Jazz de Minas, uma homenagem a um musico mineiro. Esse ano a homenagem será feita a Juarez Moura. A idéia nasceu da vontade de juntar os artístas jazzísticos e, possivelmente, formar um calendário do Jazz brasileiro.

O festival, que surgiu em 2003, já chega a sua nona edição com bastante vigor e sucesso, mas para chegar até aqui o gestor do projeto Bruno Golgher passou por vários desafios. A escolha de se fazer um festival de jazz veio de um prazer pessoal, do interesse pelo estilo musical, mas a vontade de fazer na rua apareceu do desejo de quebrar alguns paradigmas. “Muita gente fala que jazz é musica de gente velha ou rica e que arte na rua é coisa de teatro. Quero quebrar essas idéias que parecem ser super verdadeiras, como a de que evento na rua estraga a cidade”.

 As dificuldades financeiras surgiram desde o começo e Bruno conta que elas não acabam nunca. A cada ano o festival cresce um pouco mais, o que demanda uma quantia maior de dinheiro. “O Festival cresceu, não adianta fazer com 04 banheiros, se eu preciso de 140, nem só com 02 seguranças, se eu preciso de 80. As necessidades mudam continuamente, te faz gastar mais dinheiro”. Ele conta que além da captação deste dinheiro outros detalhes dificultam tecnicamente a produção do festival, como os fornecedores, que muitas vezes não cumprem os acordos feitos. Pra se fazer um evento de tal porte é necessário que se contrate uma boa empresa de sonorização, bons artistas, bons profissionais em todas as áreas.

O público exige eventos de qualidade e a localização do festival, o coração da Savassi, obriga a produção a se preocupar constantemente na relação com os moradores e lojistas locais. Bruno conta que desde o ano passado essa relação está mais próxima, o festival respeita as leis de silencio, deixa espaço para que os moradores possam chegar até suas casas, tem o cuidado ao fechar as ruas. No ultimo ano a produção passou uma linha de telefone para que esses moradores pudessem entrar em contato diretamente com Bruno, assim poderiam falar sobre os problemas relacionados ao evento. “É claro que incomoda, quem nem todo mundo gosta, mas tentamos minimizar ao máximo o desconforto. Ainda estamos engatinhando, pra resolver esses problemas precisamos de tempo e recurso, dinheiro. Eu preciso trazer benefício para essa comunidade”.

A maneira de se aproximar dos lojistas foi através do incentivo em deixar seus estabelecimentos abertos durante o festival, a fim de que pudesse divulgar suas marcas e vender, se possível, algum produto. Ele conta que em uma ocasião uma loja de vestidos de noite vendeu durante o festival e surpreendeu a todos. “Gostaria que o festival tivesse publicações, cupons de desconto pra que as pessoas voltassem nas lojas e o festival tivesse um impacto mais a longo prazo”.

Mas o que realmente surpreende em cada evento é a resposta do público. A cada ano o festival ganha mais admiradores e as ruas ficam mais cheias. Com o numero de festivais crescendo, o público apreciador do jazz também cresceu em Belo Horizonte. “Quando começamos não existia nenhum festival de jazz em BH. Belo Horizonte mudou muito, agora tem I Love Jazz, Tudo é jazz, BH jazz festival, tantos que eu nem sei. E isso é ótimo”. Porém a quantidade de publico tem sido um problema nos últimos anos. Muitos freqüentadores desde a primeira edição do evento deixaram de participar, pois não conseguiam mais assistir aos shows com a mesma tranqüilidade. Esse é um problema inerente aos festivais de rua, que na maior parte das vezes é gratuito e não consegue limitar e nem proibir a entrada de pessoas após um numero de espectadores.

Mesmo assim o fato de o festival acontecer na rua agrada o grande público e facilita na divulgação, que acaba chamando a atenção por ter como ingresso a doação de um alimento. Camila Morena, atriz, freqüenta o festival há três anos e aponta como pontos positivos a localização, a disposição dos palcos nas ruas, a decoração e o fato de acontecer ao ar livre. “Eu acho que o evento tem um clima bacana, música boa e gente interessante. Sempre que eu vou vejo atrações que gosto e descubro artista que não conhecia antes. Adoro eventos ao ar livre no meio da cidade e acho que esse evento tem tudo a ver com a Savassi”.

Desde a primeira edição o evento contou com pouca divulgação. Bruno conta que no começo era quase boca a boca e que com o passar dos anos foi aumentando a necessidade de se divulgar melhor, pois o festival cresceu. No ano passado uma das ações aconteceu no Palácio das Artes, o que levou o festival a trabalhar pela primeira vez com mídia externa, como outdoors, cartazes, divulgação em ônibus. Para esse ano a divulgação com esse tipo de mídia será ainda maior. “Nosso trabalho na web é muito intenso. Mas desde o ano passado comecei a me preocupar com a mídia externa. Em 2010 começamos a fazer uma parte do evento no Palácio das Artes e eu senti a necessidade de divulgar essa ação e esse ano começarei a fazer para o resto do festival, porque ele já está grande. Ano passado vi que essas ações davam resultado” explica Bruno.

O público estimado para esse ano é de 28 mil pessoas só em Belo Horizonte. Mas o festival acontecerá em outras 04 cidades, chegando a um total de 44.800 pessoas. Além de Belo Horizonte, o evento passará pelas cidades do Rio de Janeiro, São Paulo e Juiz de Fora. Mesmo esperando esse grande número de pessoas, Bruno acredita que ainda pode haver surpresas. “Esse ano a Savassi está em obras e talvez teremos que dividir o festival, pois ele não caberá nas ruas, teremos que arrastar o festival pela Savassi, então não dá pra saber se ele vai ser menor ou maior esse na”.

 Savassi Festival acontecerá entre os dias 27 e 31 de julho de 2011 . Para o público o evento é de extrema importância para a cidade, além de ser a cara de Belo Horizonte e de quem freqüenta. “Acho que esse tipo de festival revela talentos, promove a divulgação dos músicos mineiros e possibilita uma troca entre artistas de vários países. Acho que isso fortalece Belo Horizonte como um polo cultural. Prova que Minas Gerais está se tornando cada vez mais uma referência importante no circuito musical internacional”. Finaliza Camila. Vale a pena conferir!

 

Festivais de Jazz em Belo Horizonte:

  • Savassi Festival – Julho
  • BH Jazz Festival – Maio
  • I Love Jazz – Julho
  • Tudo é Jazz – Setembro
  • Jazz Festival Brasil - Setembro

 

 

Serviço

Savassi Festival em Belo Horizonte:

  • Noite de abertura no Palácio das Artes: 27 de julho
  • Jazz Clube: 28 a 30 de julho
  • Jazz no Parque: 31 de julho
  • Savassi Festival: 31 de julho