Tradição mineira

13/06/2011 14:43

 

 

Mikaela Salachenski de Sá

Desbravar o cenário de música mineiro e não falar da viola soa estranho como falar de uma Minas sem queijo.  O Estado famoso pelos queijos e cachaças também tem tradição na moda de viola. Folia de reis e outros eventos folclóricos dos mineiros contam com a presença do instrumento. E com toda a tradição que carrega, quem a toca não poderia tão menos vir carregado de histórias.


Reza a lenda que a arte de tocar viola é um dom de Deus, e quem não o recebeu ao nascer nunca será um violeiro de destaque. Ao falar da conquista do instrumento pelo mundo, Gustavo Guimarães, entoa a religiosidade. “Todo violeiro que conheço, sempre trabalha com toda a fé, positivismo e a alegria que essas cordas podem proporcionar. Então, se depender da gente, a viola ganha o mundo”, afirma com confiança.


Minas Gerais tem conseguido levar a música produzida aos quatro cantos do mundo, mas quando falamos em viola caipira Gustavo mostra que o fato é inverso.  “Se tratando de viola caipira, a coisa muda de figura. Estive há pouco tempo em três dos nossos países vizinhos Venezuela, Argentina e Uruguai, visitei algumas lojas de discos, e conversei com alguns músicos e percebi que eles nem sequer conhecem a viola caipira.”
O violeiro considera que a colonização destes países pelos espanhóis e a inserção da cultura popular da guitarra flamenca, seja a grande causa do desconhecimento do instrumento na região. Segundo ele, mesmo em Portugal, de onde a viola foi trazida para o Brasil pelos missionários, existem hoje pouquíssimos violeiros.


“Aqui a história é outra, o Brasil adotou a viola em praticamente todas as suas manifestações populares, como é o caso das Folias de Reis e dos Congados”, relata. De acordo com Gustavo, atualmente, a viola vem ganhando mais força no cenário musical brasileiro e se misturando a outros ritmos como a MPB, o pop, o rock o forró.


Para os mineiros como Humberto Valadares viola caipira são duas palavras de único sentido e que seguem o mesmo rumo. “Não há como falar de viola e música de viola sem falar na viola caipira”, afirma o ouvinte. Segundo ele, a tradição do interior discorre sobre as modas de viola, e as músicas são ouvidas desde a infância.


Da mesma forma Gustavo Guimarães conta como foi influenciado desde a sua infância por alguns cantores.“ Acho que todo músico sofre algumas influências de outros artistas. No meu caso sempre ouvi desde menino as duplas caipiras como Tonico e Tinoco, Pena Branca e Xavantinho, mas por outro lado gostava também da MPB como Chico Buarque, Zé Ramalho, do pop do U2, do Dire Straits e tantos outros. Acho que da mistura disso tudo nasceu o Gustavo Guimarães”.